"Agradeço a Deus Pai, a Deus Filho e a Deus Espírito, para mim sem Eles nada é possível, nada sou e nada faço." "A Graça de Deus me basta!"
Salette Granato
Textos
SANTOS DUMONT E A MINHA IMAGINAÇÃO
                        SANTOS DUMONT E A MINHA IMAGINAÇÃO

Ainda menina ficava deitada de barriga para cima num dos vastos campos do CTA - Centro Técnico Aeroespacial só para acompanhar os aviões aterrissando no aeroporto, gostava de fazer isso na Semana da Asa, quando os caças faziam manobras incríveis.
Ah, que delícia: deixar meus pensamentos voarem na esperança e nas asas dos caças!
Quando a lucidez me tomava daquele fantasioso mundo, questionava a mim mesma quem teria sido o autor daquela maravilhosa máquina de voar; homens como pássaros a planar no céu azul enfeitando o meu mundo infantil de seis anos. Sim, Alberto Santos Dumont aprendi num dos meus primeiros dias de aula, só não imaginei, um dia entrar na única casa que ele construiu para si e que casa mágica! Nada de luxo, simples como ele, tão famoso, tão importante personalidade para humanidade e tão simples nos seus costumes. Não era soberbo, não tinha luxo.
Alberto Santos Dumont inventou muitas coisas, o Dirigível, o Avião, a Regulagem quente-frio do chuveiro elétrico, a Porta de Correr, o Ultraleve, o Simulador de Vôo, o Aeroporto, entre outras. Também popularizou o uso de relógios com pulseira de couro para homens, na época só as mulheres usavam relógios de pulso. Encomendou um modelo, sugerido, ao seu amigo joalheiro Luis Cartier.
Descobri muitas coisas sobre o pai da aviação, uma delas e que me aproximou muito dele foi o fato de ter sido um escritor, sendo um dos seus livros “O que eu vi, o que nós veremos”. Chegou a ganhar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, a de número 38, mas não tomou posse, morreu antes, a depressão e a desilusão o absorveram e se enforcou num quarto de hotel em 1.932, na cidade de Guarujá/SP.
Um homem solitário em sua pequena casa, construída em Petrópolis/RJ em 1917, de sala, quarto, banheiro, sendo esse o único cômodo encaixado na casa sem solo para sustentação, com chuveiro elétrico com aquecimento à álcool, inventado por ele. Seu quarto composto de uma escrivaninha em formato “L” com grandes gavetas para abrigar os seus pertences e suas roupas. No terraço um observatório. Seu famoso chapéu ficava pendurado na parede, chapéu que ficou famoso por seu estilo, de uma história incrível. Santos Dumont num dos seus testes aéreos teve uma pane e o balão pegou fogo. Apagou o fogo no ar com o chapéu que ficou desforme, acabou lançando moda. Naquela escrivaninha, ali mesmo, fazia as suas refeições trazidas pelo prestimoso garçom do Palace Hotel, que ficava em frente à Encantada, fazia isso sem nada ganhar, apenas pelo prazer em servir o pai da aviação, já que na casa não há cozinha. Na escrivaninha também, à noite, apenas colocava o seu colchão e a transformava numa cama e dormia o sono dos justos.
Sim meus amigos, toquei em tudo e pude ainda sentir sua energia e também sua tristeza em ver o seu invento ser transformado em arma de guerra, as lágrimas foram inevitáveis. Tive a sensação de ter chegado tarde para visitar um grande amigo que não teve tempo de me esperar.
A “Encantada”, como ele mesmo denominou sua casa, por tê-la construído no Morro do Encantado realmente nos encanta, feita para ele, um homem solitário, mas feliz, com vasto conhecimento científico, que fazia seus experimentos baseados em tentativa e erro ou acerto e aperfeiçoamento, que lhe custaram vários acidentes, quando se estabacava no solo Francês, local preferido de suas tentativas.
Quem visita sua casa não tem dúvidas ele é o Pai da Aviação apesar de alguns, dizerem o contrário. Não, não resta dúvida, ele inventou o avião.
Amigo da princesa Isabel, foi por ela apresentado à belíssima Petrópolis  e diante de tanta insistência ao visitá-la se encantou pela cidade. A princesa foi para ele como uma irmã, atenciosa e preocupada com a sua saúde e seu bem-estar, mas não foi suficiente para fazê-lo suportar a dor em sua alma em ver seu invento, feito para libertar, dar asas ao homem, matar povos já derrotados em tolas guerras.
Bem, só uma coisa não gostei na Encantada, a escada que dá acesso à casa tem seus degraus em formato de raquete para que você pise no lugar certo de casa vez, começando com o pé direito, mas Santos Dumont que me desculpe, pulei o primeiro, sou canhota e começo tudo com o pé esquerdo, meu pé da sorte!

Salette Granato
21/09/2012
SALETTE GRANATO
Enviado por SALETTE GRANATO em 05/10/2012
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